sábado, 27 de dezembro de 2008

Deixei para trás as sapatilhas de bailarina e segui um caminho incerto.

Esqueci-me das regras
Perdi a vergonha
Apaguei preconceitos
Revelei segredos
Extingui medos
Eliminei as dores
Respirei fundo
E nasci de novo.
Os meus pés estão cansados e a caminhada ainda não chegou ao fim.
Pergunto-me se algum dia encontrarei o que procuro, e pergunto-me também, o que ando a procura.
Lanço-me nas estradas, sem olhar distâncias, correndo riscos, mas sem traçar uma rota definitiva.
Por vezes perco-me e volto para trás, faço travagens bruscas, ando à boleia, mas frequentemente eu me questiono: será que alguém se pode perder sem saber sequer para onde quer ir?
Esta incerteza torna os meus passos inseguros, o meu olhar vacila nas direcções, o meu coração não se decide, e o vento engana-me, de novo.
O meu sangue revela a minha travessia, o seu vermelho profundo, vivo, quente, vai manchando os caminhos por onde passei, as pedras onde me cortei, aqueles que conheci, os poucos que amei, os poucos que não esqueci.
Se tentar traçar um mapa, sei que o vento levará as linhas. Se construir um castelo, as ondas vão deitá-lo abaixo, mais cedo ou mais tarde.
Mas eu sei que nunca desaparecerei definitivamente.
Nem ventos, nem tempestades, nem ódios, nem o tempo, me vão apagar.
A razão é simples.
Nunca serei totalmente nada, porque deixo um bocado de mim em tudo o que toco, em todos os que conheço. Por vezes não deixo quase nada, apenas uma leve brisa etérea que recorda a minha presença, e noutras vezes, deixo quase tudo, deixo parte do coração, deixo um abraço eterno, deixo um pouco de amor.
E enquanto esta memória durar, as imagens, os textos, as saudades, os abraços, as noites vividas, as amizades, os amores, as aventuras e desventuras, os pecados, as virtudes
(e tudo o que me diz respeito,)
Nunca se irão por completo, enquanto alguém pensar em mim.
E num futuro longínquo, quando todos nós formos de novo apenas pó de estrelas no imenso espaço, o que eu criar agora, continuará a existir.
Porque a arte não morre nunca. Simplesmente, muda, transfigura-se, esconde-se, mas nunca se perderá.
Mariana Fernandes, 24 de Dezembro de 2008.

1 Comment:

Unknown said...

Uhh, a primeira a comentar o primeiro texto deste futuro grande blog!='P Como smp sabes que adoro os teus textos [também obras de arte], vai ser optimo tê-los aqui à mão!x') Beijinhos =* Love you <3
Mafaldinha